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Ser translúcido


Como uma criança medrosa
Me escondo apressadamente
Debaixo de um velho lençol amarelo,
A luz que atravessa seus poros
Me conta as mais belas e falsas verdades.
O vento que balança, balança...
Balançou-me em direção à loucura
Que possuia um dom de libertar,
Produzir e explorar sua mente,
Sonhos e qualquer inconstante magnitude,
Podendo estar longe do explicável,
Próximo a um mundo alternativo
Em outro infinito, outro nível etéreo,
Outra dimensão suspirando o surreal.
A gravidade parece diminuir,
Os sons turvos e inaudíveis,
O controle dos movimentos esgotados.
Por trás do caminho de pedras,
No alto de uma antiga tribo indígena,
Entregando-me a novos rumos,
Índios vivos em semblantes espirituais
Vagavam apocatástico ao relento,
Dançando para as alcoviteiras
Despejarem os segredos perversos alheios
Ao pé do ouvido dos escolhidos.
Quem são eles? Quem sou eu?
O fogo e o ferro, o ouro que reluz,
Antecipando os acontecimentos sombrios,
Mergulho na memória perdida escrevendo nos dias,
Me afogo nas horas, minutos em distúrbio
Refletindo sobre o eu que nunca existiu,
Pelo movimento acima dos pinheiros,
Numa cama de seda despejada na varanda,
Nascimento do glóbulo noturno que me guarda
Surgiu entrelaçado ao silêncio,
Paz.

Entranhas da noite


A noite se calava aos berros e brilho da lua,
A tristeza vazia habitava aquela e outras ruas.
Apenas um quintal, sombrio, estava a exalar
Uma sublime pujança submissa naquele lugar.

Me parecia um singelo momento já vivido,
O vento sussurrava no pé do meu ouvido.
Não sei se eram passos ritmados sob o chão
Ou compassos distorcidos do meu coração.

O ar pesado estranhamente me respirava,
Enquanto a escuridão perpétua me encarava.
Meus olhos incertos, de certa forma singular,
Enxergavam-me à frente, onde não podia estar.

Vociferavam até o fim aquela amarga canção,
A psique não sabia o poder que tinha em mãos.
Não fazia idéia do que poderia ter acontecido,
Talvez uma estranha energia tenha me possuído.