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Sem ninguém perceber


Num vulto veloz,
Um véu de noiva.
Aquela mulher,
Mulher abstrata.

Consigo lhe trazia,
Sempre luz à clarear,
Sementes d'agulha,
Em vinho desenhei.

A forma que surgiu
Em meu peito respirar,
Criou-se.

No pensamento ecoava,
Alucinante momento,
Um sofá me amava.

Apenas um sorriso


O quê sempre quis esperar da vida
Se o que vem de longe, lá de trás,
Na frente um verso que o vento traz,
Escrito por ruídos pincelados, fortemente
Marcados por uma chuva de verão.

Num profundo devaneio inquieto,
Onde lembranças vivem por mim.
No passado do meu futuro enxergo
Um momento desenhado à céu aberto,
Uma cachoeira que chora verdade.
Revigorado, já não tenho a mesma idade.

Solidão invasiva que agora me domina,
Não me abandone. Ó, mais bela menina.
Um lúcido desconhecido, perdido na escurião,
Então entregue-se a mim, segure minha mão.

Quero correr, sentir o vento e voar,
Meu destino procurado, qualquer lugar.
Segurastes minha mão, retribuo-te um beijo.
Que sejais sempre além de tudo e por isso,
Vivo intensamente por apenas um sorriso.

Eternizado pela lembrança


O amanhecer do dia me fez enxergar,
Um dia que viria sem um peso pra me obrigar,
Te falar mentiras, desnecessário.
Não faz meu estilo.

Minha beleza não fortalece um elixir
Como o blues que um dia Dylan cantou,
Mas vejo seu olhar inconstante me dizer
Que algo em mim, sem saber te encantou.

Meus sentimentos apreciam a verdade
Como uma flor que o vento tocou.
Não finja que não me queres,
Não faz meu estilo.

Caracterizando-me com o vigor do não sentir,
Seus cabelos suavemente tocam meu estar.
A flor já não mais tocará o forte vento
Sempre que os longos fios o tirarem pra dançar.
Quem sabe, talvez seja cedo pra ser tarde,
Mas nunca tarde pro sol poente me dizer:
- A noite que chega te fará lembrar
De um beijo que nunca vais esquecer.

Aqui dentro o bicho pega

Despertador maluco
Me deixe em paz,
Mas não me deixe
Duas vezes ficar.
Apenas interesses no ar,
Responsabilidade iludida.
- Alô? Estou chegando.
Pra quem seja, não importa.
O bardo soletra ao som
De sua mágica melodia:
'Amo... Logo existo'
Reflita aflitamente.
Passaporte em mãos,
A viagem é longa,
Amigos à minha espera.
Um flerte, um trago.
Quadros coloridos,
Entardece psicodelia.
- Acende...
Quatro e vinte, tá na hora.
Luzes, vida e formas
Saem aglomerados pela sala,
Loopings infinitos,
Abstrato coesivo.
Que seja algo estranho,
Mas te faça sorrir.
Noite bela, lua minguante.
Fome, frio, alguém me espera.
Um barulho lá fora
Alguém bate na porta.
Susto, Agora...
Fudeu!

Derrotado por mim mesmo

Vulga injustificabilidade
Afaste-se de meu caráter,
Já não tenho mais dignidade,
Não tenho nem mais identidade.
Já se passam das cinco,
Nada mais é como nos anos 80'.
Arrependimento, então tenta
Sustentar uma viga eterna,
Prioridade, necessidade.
Queria acompanhar o tempo
Que levado pelo vento
Apenas sombras me deixou.

Ver, aprender e caminhar
Sem ter ao menos destino
Sem imaginar, o saber
Ou onde vou chegar.
Meus frutos envelhecem
O futuro, a morte, me adoecem.
Não acompanho o desabrochar
Da flor que minha alma brotou.
O que passou não está
Mais em tempo de voltar.
Ah, que saudade daquela época
Ainda vivia, sorria, vencia...
Que o inimigo venha batalhar,
Um vitorioso perdedor, sempre será
O medo de enfrentar a si mesmo e ganhar.